
Mas Tu, oh vida divina, nunca matas senão para dar vida, e nunca chagas senão para sarar! Quando castigas, tocas levemente, e isso basta para destruir o mundo; mas também quando acaricias, amoldas-Te perfeitamente e, assim, o prazer da Tua doçura é incontável. Chagaste-me para me curar, oh divina mão, e mataste em mim o que me trazia morto sem a vida de Deus que agora me vejo viver. Tudo isto fizeste com a liberalidade da Tua graça generosa que tiveste para comigo quando me tocaste com o toque “do resplendor da Tua glória e imagem fiel da Tua substância” (Heb 1,3), que é o Teu Filho Unigénito, no qual, sendo Ele a Tua sabedoria, “tocas com vigor de uma extremidade à outra” (Sb 8,1). Este Teu filho Unigénito, oh mão misericordiosa do Pai, é o toque delicado com que me tocaste e me chagaste na força do Teu cautério.
Oh, pois Tu, toque delicado, verbo, Filho de Deus, que, com a suavidade do Teu ser divino, penetras sutilmente na substância da minha alma e, tocando-a delicadamente, toda a absorves em Ti em modos divinos de suavidade e doçura, “das quais nunca se ouviu falar em Canaã nem foram vistas em Temã” (Br 3,22). Oh, pois, forte e de certa maneira excessivo toque dedicado do Verbo, tanto mais delicado foste para mim quanto fendeste as montanhas e quebrastes os rochedos no monte Horeb com a sombra do Teu poder e força que ia à Tua frente, e tão doce e vivamente Te manifestastes ao profeta no sopro de uma brisa suave (1Rs 19,11-12). Oh brisa suave, sendo tão suave e delicada, diz, Verbo, Filho de Deus, como tocas suave e delicadamente, sendo tão terrível e poderoso? [...] “Ao abrigo da Tua face, que é o Verbo, os defendes das maquinações dos homens… (Sl 30,21).
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